O governante Partido do Povo do Camboja (PPC) obteve uma vitória arrasadora nas eleições gerais realizadas neste domingo (29) no país. A legitimidade da disputa, no entanto, foi questionada após a oposição ser deixada de lado do processo eleitoral.
Segundo os resultados preliminares divulgados pela emissora de televisão estatal, o PPC venceu em todas as 25 províncias do país com mais do 80% dos votos válidos.
Os resultados, que a comissão eleitoral deve anunciar oficialmente em 15 de agosto, indicam que o PPC conseguiu a grande maioria das 125 cadeiras do parlamento que estavam em jogo na votação
Com a vitória dos governistas, o primeiro-ministro, Hun Sen, no cargo desde 1985, vai ter mais cinco anos de mandato. Pouco depois do fechamento das urnas, o premiê agradeceu ao eleitorado.
Outras 19 candidaturas se apresentaram para a votação, mas entre elas não estava o Partido para o Resgate Nacional do Camboja (PRNC), que há cinco anos obteve quase metade dos votos, mas que foi colocado na ilegalidade em novembro do ano passado pela Suprema Corte do país.
A decisão da Superma Corte encerrou uma ofensiva judicial promovida pelo governo que levou à prisão do líder opositor e à fuga para o exílio de mais de 100 de seus dirigentes, que pediram a seus simpatizantes que boicotassem a votação.
Comparecimento de 82%
O presidente da comissão eleitoral, Sik Bun Hok, afirmou que o boicote não teve nenhum efeito ao situar a participação em 82%, 13 pontos percentuais a mais que há cinco anos. Mais de 8,3 milhões de pessoas foram convocadas a votar.
Durante a apuração, imagens circularam nas redes sociais mostrando várias cédulas em branco ou marcadas como voto nulo em muitas seções eleitorais, o que revelaria um importante voto de protesto. Bun Hok, no entanto, não fez qualquer menção a essas imagens.
A ofensiva contra o PRNC, que teve reflexos na sociedade civil e na imprensa independente, levou os Estados Unidos, a União Europeia, a relatora da ONU e várias ONGs a questionarem a lisura dessas eleições, acusações que o presidente da comissão eleitoral rejeitou.
“Não houve intimidações em absoluto. O povo conhece suas obrigações e sabe exercer seus direitos para escolher o líder que tornará o país mais forte”, disse Bun Hok. “Seguiremos observando se a comunidade internacional respeita a vontade do nosso povo ou não”, acrescentou.
O governo cambojano defendeu o caráter democrático das eleições, destacando a pluralidade de candidaturas e a presença de mais de 80 mil observadores.
Porém, 23 organizações nacionais e internacionais de controle eleitoral criticaram a presença de muitos desses observadores, ao acusá-los de “parcialidade”, vínculos com o PPC e falta de preparação.
O pleito de hoje foi o sexto no país desde que a ONU organizou a primeira votação democrática em 1993, dois anos depois dos acordos de paz que puseram fim a mais de duas décadas de guerra civil entre várias facções, entre elas o Khmer Vermelho.
Fonte: G1