A Polícia Federal abriu um inquérito para investigar o segundo-sargento da Aeronáutica Manoel Silva Rodrigues, preso na semana passada com 39 quilos de cocaína ao desembarcar em Sevilha, na Espanha. O objetivo da investigação é apurar eventuais ligações do militar com narcotraficantes e as circunstâncias que propiciaram a obtenção da droga.
Rodrigues, que é comissário de bordo, fazia parte de uma equipe de 21 militares que prestava apoio à comitiva que acompanhou o presidente Jair Bolsonaro na reunião do G-20, no Japão. O avião da Força Aérea Brasileira (FAB) em que estava o militar é usado como reserva da aeronave presidencial e, portanto, ele não fazia parte do mesmo voo que transportou o presidente durante a viagem.
A investigação está sob responsabilidade da Superintendência Regional da Polícia Federal do Distrito Federal.
Um dos caminhos dos investigadores será a análise das movimentações financeiras de Rodrigues. Segundo apurou o Estado, a PF ainda estuda medidas que podem vir a ser requisitadas à Justiça com esse objetivo, como a quebra do sigilo bancário do militar.
A primeira apuração aberta sobre o caso no Brasil foi a da própria Aeronáutica, que instaurou um inquérito policial militar na semana passada. A investigação corre sob sigilo.
Não há impedimento na legislação militar para apuração do crime, mesmo o sargento estando em território estrangeiro. A droga foi encontrada pela Guarda Civil da Espanha ao vistoriar a bagagem de Rodrigues no aeroporto de Sevilha na terça-feira da semana passada. Desde então, o sargento segue preso na cidade espanhola.
Uma equipe da Aeronáutica vai à Espanha para interrogar o sargento. Segundo afirmou o presidente Jair Bolsonaro após se reunir nesta terça-feira, 2, com os ministros da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, e do Gabinete de Segurança Institucional, Augusto Heleno, a suspeita é de que Rodrigues já tenha transportado entorpecentes em outras ocasiões. “Todos nós achamos que não é a primeira vez que esse militar mexeu com drogas”, afirmou o presidente logo após o encontro.
Na semana passada, o vice-presidente, Hamilton Mourão, chegou a chamar Rodrigues como uma “mula qualificada” – termo usado para pessoas pagas por traficantes para transportar droga.
Imóvel. Além do tráfico de entorpecente, Rodrigues é alvo de um processo administrativo aberto pela Aeronáutica para apurar possíveis irregularidades na ocupação de um imóvel funcional por sua ex-mulher. O apartamento está localizado na Asa Sul, em Brasília.
A reportagem esteve no condomínio e, de acordo com vizinhos, o sargento sempre aparentou ser um homem simples, que nunca demonstrou ter uma vida de ostentação.
Conforme o Estado mostrou, o sargento devia até meados de junho o condomínio de um apartamento em Taguatinga, no entorno de Brasília, do qual é proprietário. Ele pagou o débito de R$ 1.381,25 – referentes a três mensalidades – após ter sido cobrado judicialmente.
Fonte; Estadão