Força-Tarefa da Lava Jato no Rio de Janeiro prendeu, na manhã desta sexta-feira (10), João Paulo Júlio de Pinho Lopes, ligado à corretora carioca Advalor Distribuidora de Títulos e Valores Mobiliários Ltda.
A investigação tem como base a delação premiada de Luiz Carlos Velloso, ex-subsecretário de Transportes do Estado do Rio, que teve o acordo homologado pelo ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF), no ano passado.
A operação desta sexta cumpre mandados expedidos pelo juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro, e não tem como alvo pessoas com foro privilegiado.
No entanto, na delação, Velloso afirma que usou uma conta na corretora para receber dinheiro de propina vindo de empreiteiras e para movimentar valores para Augusto Nardes, ministro do Tribunal de Contas da União (TCU), e para Júlio Lopes, deputado federal pelo PP-RJ e ex-secretário de Transportes do Rio.
A conduta de ambos é analisada em outras instâncias. Na ação desta sexta não há mandados contra Nardes, nem contra o parlamentar.
Em maio, Toffoli determinou uma busca e apreensão na casa do ministro do TCU, em ação que também teve como base a delação de Velloso. Na ocasião, foram apreendidos documentos e celulares.
Em dezembro do ano passado, o delator Velloso foi interrogado por Bretas, em processo que apura suposta corrupção na construção da Linha 4 do Metrô do Rio. Na audiência, o ex-subsecretário disse que R$ 3,5 milhões pagos por empreiteiras como propina, especialmente a Odebrecht, passaram pela Advalor.
Parte era para ajudar na campanha de Julio Lopes. Do total, afirmou, o deputado e ele ficaram com mais de R$ 1 milhão para pagar contas pessoais.
Assim como Julio Lopes, o ministro Augusto Nardes já foi deputado pelo PP. No TCU, Nardes foi o relator do processo das chamadas “pedaladas fiscais”, um dos documentos usados para embasar o impeachment da ex-presidente Dilma Roussef (PT).
A Advalor também foi alvo de buscas na Paralelo, 39ª fase da Lava Jato de Curitiba, em 28 de março de 2017. Os procuradores já investigavam suspeitas, também oriundas de delações, de que a corretora seria intermediária de propina vinda de contratos entre a Petrobrás e construtoras.