Os sete candidatos que concorrem às eleições presidenciais em Portugal encerraram suas campanhas nesta sexta-feira (22) com uma questão em aberto: os eleitores terão coragem de sair de casa para votar, no domingo (24), com a explosão de casos da Covid-19? Os hospitais portugueses estão à beira do colapso sanitário.
As ruas quase desertas de Lisboa e das principais cidades portuguesas indicam que pode haver alta taxa de abstenção na eleição presidencial de domingo. Os portugueses estão confinados e ouvem à distância, dia e noite, o angustiante ruído das sirenes de ambulâncias transportando os doentes para os hospitais. O lockdown decretado às pressas há uma semana, reforçado pelo fechamento das escolas nesta sexta-feira, não mudou a data da votação, mantida por imperativos constitucionais.
Apesar de sete concorrentes almejarem o Palácio de Belém, a disputa se concentra em três nomes: o presidente de centro-direita Marcelo Rebelo de Sousa, favorito à reeleição, a ex-eurodeputada socialista Ana Gomes, candidata independente, e André Ventura, líder do partido de extrema direita Chega, principal fenômeno da campanha.
Uma ironia é que os portugueses vão encontrar oito candidatos no boletim de voto. Isto porque que um dos concorrentes, Eduardo Baptista, que é logo o primeiro da lista, não se qualificou, mas acabou incluído na versão final do documento. Os boletins foram impressos antes da Comissão Nacional Eleitoral dar seu parecer sobre a regularização das candidaturas.
Para incentivar a participação de cerca de 9,8 milhões de eleitores registrados, incluindo 1,5 milhão no exterior, as autoridades eleitorais organizaram pela primeira vez um dia de votação antecipada no último domingo. Quase 200 mil eleitores responderam ao apelo, mas as imagens das longas filas que se formaram em frente a algumas seções eleitorais não surtiram o efeito tranquilizador esperado.
Fonte: RFI