O primeiro-ministro do Líbano, Mustapha Adib, renunciou ao cargo neste sábado (26) depois de ocupá-lo por menos de um mês. Adib havia sido eleito em 31 de agosto, 21 dias após a renúncia de Hassan Diab, que deixou o posto e demitiu todo o seu gabinete depois das explosões no porto de Beirute. Cerca de 200 pessoas morreram no incidente e milhares ficaram feridas.
Segundo a agência de notícias Associated Press (AP), Adib disse à imprensa em Beirute que resolveu deixar o posto depois de ficar claro que o governo que ele queria montar estava “destinado a fracassar”.
O agora ex-primeiro-ministro era apoiado pelo presidente francês, Emmanuel Macron, que vinha pressionando os políticos libaneses a formarem um gabinete composto de especialistas não partidários, que pudessem trabalhar na aprovação de reformas para tirar o Líbano da crise econômica e financeira devastadora que enfrenta.
Mas os esforços de Adib esbarraram em vários obstáculos depois que os principais grupos xiitas do país, o Hezbollah e o Amal, insistiram em manter o controle do Ministério das Finanças, que deverá ter um papel crucial em traçar um plano de resgate econômico. A insistência surgiu depois que o governo dos Estados Unidos impôs sanções a dois políticos da alta cúpula próximos ao Hezbollah, incluindo o ex-ministro das finanças.
Os dois grupos também insistiram em nomear os ministros xiitas no novo gabinete e se opuseram à maneira como Adib estava formando o governo – sem consultá-los.
Depois de uma curta reunião com o presidente libanês, Michel Aoun, neste sábado (26), Adib disse que estava deixando o cargo depois que seus esforços chegaram a um beco sem saída.
“Pedi desculpas por continuar a missão de formar um governo depois que ficou claro que um gabinete com as características que estabeleci estaria fadado ao fracasso”, declarou Adib. Ele desejou “boa sorte a quem for escolhido para esta difícil tarefa depois de mim”.
Adib, que era embaixador na Alemanha antes de assumir o cargo, emergiu como candidato ao posto de primeiro-ministro depois de ganhar o apoio do ex-primeiro-ministro Saad Hariri e três outros ex-primeiros-ministros.
Os grupos xiitas, entretanto, acusaram Hariri de direcionar Adib em seus esforços de formação de gabinete, e disseram que se recusam a ser marginalizados. Hariri deixou o cargo no ano passado, em resposta a manifestações em massa exigindo a saída de toda a liderança do país – devido à corrupção, à incompetência e à má administração.
Disputa pelo poder
A renúncia de Adib veio poucos dias depois que o próprio presidente libanês disse à imprensa que o país iria para o “inferno” se um novo governo não fosse formado logo.