O procurador-geral do Peru, Pedro Chavarry, reconvocou na quarta-feira (3) dois procuradores destacados que havia afastado do inquérito sobre corrupção envolvendo a Odebrecht. A decisão de afastá-los provocou críticas e o presidente Martín Vizcarra chegou a ameaçar Chavarry de suspensão.
Os procuradores Rafael Vela e José Domingo Pérez acertaram um acordo de leniência com a Odebrecht, que obrigava a empreiteira brasileira a apresentar provas de cerca de 30 milhões de dólares em propinas que disse ter pago a políticos locais.
Muitos peruanos os admiram por vê-los como verdadeiros combatentes da corrupção por mirarem políticos notórios, inclusive quatro ex-presidentes e a líder opositora Keiko Fujimori.
Na noite de segunda-feira (31), Chavarry anunciou que estava afastando Vela e Pérez do caso por excederem sua autoridade.
Na quarta, depois de ser alvo de protestos e críticas, Chavarry assinou uma resolução restituindo ambos aos seus postos e dizendo que outros procuradores se recusaram a substituí-los.
Vitória de Vizcarra
O recuo de Chavarry foi mais uma vitória de Vizcarra, que havia prometido fazer tudo que pudesse para reconduzir os dois procuradores ao caso.
Na quarta-feira, o presidente peruano enviou uma legislação ao Congresso para afastar Chavarry de seu cargo e declarar um estado de emergência na Procuradoria-Geral para reestruturá-la.
Chavarry negou ter tentado interferir no inquérito sobre a Odebrecht dispensando Pérez e Vela.
Vizcarra assumiu o lugar do ex-presidente Pedro Pablo Kuczynski, que renunciou no ano passado devido a um escândalo de corrupção. Ele fez do combate à corrupção um dos pilares de seu governo.
Seu índice de aprovação superava os 60 % no fim de 2018, na esteira de reformas para extirpar o nepotismo enraizado que foram aprovadas com grande respaldo em um referendo.
Vizcarra pediu a renúncia de Chavarry diversas vezes, mas pela Constituição peruana só o Congresso pode afastar o procurador-geral.
A investigação contra a Odebrecht foi deflagrada pela operação Lava Jato no Brasil e repercute na América Latina, no que procuradores dos Estados Unidos disseram ser o maior esquema de corrupção política já revelado.
Em 2016 a Odebrecht admitiu ter pago milhões de dólares em propinas a autoridades de uma dúzia de países para obter contratos de obras públicas ao longo de uma década, e se comprometeu a pagar multas de bilhões de dólares.
Fonte: G1