Um tribunal da Coreia do Sul ordenou ao líder da Coreia do Norte, Kim Jong-un, a pagar indenização a dois ex-prisioneiros de guerra que passaram décadas como trabalhadores forçados. A decisão pode estabelecer um precedente legal de grande alcance na península.
A decisão constitui a primeira vez que um tribunal da Coreia do Sul reclama jurisdição sobre a Coreia do Norte ou emite uma ordem de compensação contra seu líder, de acordo com um grupo de ativistas que respalda os dois demandantes.
Os dois homens, que tiveram apenas os sobrenomes divulgados (Han, 87 anos, e Ro, de 90), afirmam que foram capturados durante a Guerra da Coreia de 1950-53, mas não foram repatriados após o fim do conflito.
Eles afirmam que foram obrigados a trabalhar em minas de carvão e outras instalações durante décadas, até que escaparam do Norte através da fronteira com a China.
Ro voltou para a Coreia do Sul em 2000 e Han um ano depois. Ambos apresentaram a demanda em 2016, alegando que sofreram “danos mentais e físicos enormes” no Norte.
O Tribunal do Distrito Central de Seul ordenou à Coreia do Norte e a Kim o pagamento a cada ex-prisioneiro do equivalente a 17,5 mil dólares (R$ 94 mil), informou uma porta-voz do tribunal à AFP.
Ao final dos combates, 170 mil norte-coreanos e chineses estavam nos campos de prisioneiros de guerra das forças da ONU lideradas pelos Estados Unidos, enquanto 100 mil soldados sul-coreanos e das Nações Unidas estavam no Norte, de acordo com dados do Monumento às Vítimas na Coreia.
Após o armistício, Pyongyang repatriou 8.343 sul-coreanos, de acordo com o governo de Seul.
Desde então, a Coreia do Sul apresentou a questão em várias oportunidades, mas o Norte sempre afirmou que nenhum ex-soldado do Sul estava retido contra sua vontade.
Ativistas, no entanto, afirmam que quase 80 prisioneiros de guerra sul-coreanos escaparam do Norte e retornaram ao Sul em 2000 e 2001.