O governo Trump ameaçou nesta segunda-feira ações duras contra o Tribunal Penal Internacional caso a corte tente processar norte-americanos por supostos crimes de guerra no Afeganistão. O Tribunal respondeu nesta terça, afirmando que “continuará a fazer seu trabalho sem temor”.
No ano passado, a procuradora-geral do TPI, Fatou Bensouda, disse haver “uma base razoável para acreditar” que crimes de guerra e crimes contra a humanidade foram cometidos no Afeganistão e que todos os lados do conflito serão examinados, inclusive membros das Forças Armadas dos EUA e da Agência Central de Inteligência.
Nesta segunda, em seu primeiro grande discurso desde que se juntou em abril à Casa Branca, o assessor de segurança nacional, John Bolton, disse que seu país irá proteger os americanos e aliadas de “processos injustos” e que o governo Trump “irá revidar” se o TPI seguir em frente com a abertura de uma investigação, que classificou de “completamente infundada e injustificável”.
“Os Estados Unidos irão usar todos os meios necessários para proteger nossos cidadãos e os de nossos aliados de processos injustos desta corte ilegítima”, disse Bolton.
Segundo Bolton, se tal inquérito seguir em frente, o governo Trump irá considerar banir juízes e procuradores de entrarem nos EUA, colocar sanções sobre quaisquer fundos que tiverem no sistema financeiro dos EUA e processá-los em tribunais norte-americanos.
Nesta terça, o TPI respondeu as declarações de John Bolton, afirmando que “continuará a fazer seu trabalho sem temor”. O tribunal sediado em Haia disse em um comunicado que é uma instituição independente e imparcial que conta com o apoio de 123 países.
“O TPI, como tribunal de justiça, continuará a fazer seu trabalho sem temor, de acordo com tais princípios e com a ideia abrangente do Estado de Direito”, disse a entidade.
Escritório da OLP nos EUA
Na segunda, Bolton também informou que o escritório da o escritório em Washington da Organização para a Libertação da Palestina (OLP) recebeu ordens de fechamento por conta de preocupações sobre tentativas palestinas de gerar uma investigação do TPI sobre Israel.
Bolton disse não acreditar que o fechamento do escritório da organização irá fechar as portas para um plano de paz árabe-israelense que o assessor sênior e genro de Trump, Jared Kushner, está desenvolvendo há meses.
Ele disse que o plano irá continuar sendo refinado, com objetivo de ser proposto eventualmente.
Os palestinos disseram estar decididos em ir ao TPI. Eles classificaram o planejado fechamento da missão da Organização para a Libertação da Palestina como uma nova tática de pressão feita pelo governo Trump, que também cortou fundos para uma agência da ONU para refugiados palestinos e hospitais em Jerusalém Oriental, cidade que palestinos querem como capital para um futuro Estado.
“Nós reiteramos que os direitos do povo palestino não estão à venda, nós não iremos sucumbir às ameaças e intimidações dos EUA”, disse a autoridade palestina Saeb Erekat em comunicado.
“Por consequência, nós continuamos solicitando que o Tribunal Penal Internacional abra sua investigação imediata sobre crimes israelenses”.
Israel elogiou a ação do governo Trump e acusou palestinos de verem o tribunal como uma maneira de contornar conversas bilaterais patrocinadas pelos EUA. Estes contatos estagnaram em 2014.
Fonte: G1