Depois de meses de restrições sobre quem poderia receber a vacina contra a Covid-19, inicialmente reservada a grupos prioritários definidos por idade, comorbidades ou profissão, na última segunda-feira (19) os Estados Unidos anunciaram que todas as pessoas com 16 anos de idade ou mais já podem ser imunizadas.
Mas, se alguns meses atrás o problema era a escassez das doses, que obrigava muitos nos grupos prioritários a esperarem semanas até conseguirem ser imunizados, agora que a vacinação está disponível para todos, o país se prepara para enfrentar um novo desafio: a queda na demanda, principalmente entre os jovens.
Segundo o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC, na sigla em inglês), agência de pesquisa em saúde pública ligada ao Departamento de Saúde, mais de 222 milhões de doses já foram aplicadas no país. Isso significa que 41% da população (e mais de 52% dos adultos) já recebeu pelo menos uma dose e 27% está completamente imunizada.
Das três vacinas autorizadas para uso emergencial nos Estados Unidos, somente a da Johnson & Johnson é administrada em dose única, enquanto a da Pfizer-BioNTech e a da Moderna exigem duas doses, com intervalo de algumas semanas.
Mas, apesar da disponibilidade de vacinas para todos os adultos e de o governo calcular que 90% da população vive a menos de 10 km de um local de vacinação, o ritmo da campanha vem diminuindo em muitas áreas.
De acordo com o CDC, o número diário de doses aplicadas, que vinha aumentando gradualmente e chegou a ultrapassar 4,5 milhões, tem caído nos últimos dias e está em torno de 3 milhões.
“A campanha de vacinação nos Estados Unidos está perdendo ímpeto e é essencial recuperar isso”, escreveu nesta semana, no Twitter, o médico Eric Topol, fundador do centro de estudos médicos Scripps Research Translational Institute, que vem acompanhando o ritmo da imunização.
“Há quase 60 milhões de doses não usadas. Não há limite de idade agora. A B.1.17 [variante inicialmente identificada no Reino Unido] continua ganhando [terreno], e nós precisamos acelerar”, disse Topol.
Os motivos da queda na procura
Autoridades e especialistas em saúde ressaltam que nem todos os que ainda não decidiram se vacinar são necessariamente contra a vacina e que muitas pessoas apenas têm dúvidas ou preferem esperar mais tempo até receber a sua dose.
Algumas pesquisas indicam que, nos Estados Unidos, a resistência às vacinas contra a Covid-19 é maior entre eleitores do Partido Republicano e moradores de áreas rurais.
“É definitivamente mais comum em áreas rurais e em estados considerados conservadores”, diz à BBC News Brasil a médica Maricela Castillo MacKenzie, especialista em medicina familiar e professora da Universidade de Michigan.
A médica salienta que vários fatores levam à hesitação em relação à vacina contra a Covid-19.
“Em algumas áreas as pessoas ainda questionam a existência do vírus, o uso de medidas preventivas, de máscaras, de distanciamento social. Se já estão questionando esses pontos, certamente terão falta de confiança nas vacinas”, afirma.
“Por outro lado, também há comunidades carentes em que, por causa de seu histórico, não há confiança em vacinas em geral ou no sistema de saúde”, ressalta. “Nessas comunidades tem havido um grande problema de comunicação e acesso.”
Outra parcela da população em que há menor interesse em se vacinar, segundo MacKenzie, são os mais jovens. A médica observa que, no Estado de Michigan, como grande parte da população mais velha e mais vulnerável já foi imunizada, atualmente muitos dos casos de Covid-19 são em jovens na faixa dos 20 aos 29 anos de idade.
Na semana passada, o especialista em pesquisas Frank Luntz realizou uma discussão virtual com um grupo de 20 republicanos que se dizem hesitantes em receber a vacina.
“Muitas das dúvidas do grupo em relação à vacina contra a Covid-19 vêm da politização da pandemia”, escreveu Luntz no Twitter.
Segundo Luntz, vários dos participantes disseram ter dúvidas sobre possíveis efeitos de longo prazo. Muitos mencionaram a possibilidade de que seja necessário um reforço na imunização após alguns meses e afirmaram não estar convencidos de que, mesmo após vacinados, poderão voltar a uma vida normal.
“Autoridades de saúde devem fazer um trabalho melhor em esclarecer os números para se atingir esse objetivo [de voltar ao normal]”, escreveu Luntz.
“A mensagem deveria ser a de que, quanto mais gente tomar a vacina, mais rápido poderemos voltar às nossas vidas”, diz MacKenzie.
Enquanto a maior parte da população não é vacinada, a recomendação é de que medidas como uso de máscaras e distanciamento social sejam mantidas.
Autoridades de saúde ressaltam que as vacinas são efetivas e têm bom desempenho inclusive diante das novas variantes.
Na primeira semana de janeiro, quando a campanha de vacinação nos Estados Unidos ainda estava no início e avançava lentamente, com menos de 6 milhões de pessoas tendo recebido pelo menos uma dose, o país registrava recordes diários no número de mortos.
Na época, eram confirmados mais de 250 mil novos casos e mais de 4 mil mortes por dia e o número diário de novas hospitalizações ultrapassava 135 mil.
Atualmente, o número de novos casos diários está em torno de 61 mil e as hospitalizações em torno 45 mil por dia. O número de mortes diárias está abaixo de 800.
Os motivos da queda na procura
Autoridades e especialistas em saúde ressaltam que nem todos os que ainda não decidiram se vacinar são necessariamente contra a vacina e que muitas pessoas apenas têm dúvidas ou preferem esperar mais tempo até receber a sua dose.
Algumas pesquisas indicam que, nos Estados Unidos, a resistência às vacinas contra a Covid-19 é maior entre eleitores do Partido Republicano e moradores de áreas rurais.
“É definitivamente mais comum em áreas rurais e em estados considerados conservadores”, diz à BBC News Brasil a médica Maricela Castillo MacKenzie, especialista em medicina familiar e professora da Universidade de Michigan.
A médica salienta que vários fatores levam à hesitação em relação à vacina contra a Covid-19.
“Em algumas áreas as pessoas ainda questionam a existência do vírus, o uso de medidas preventivas, de máscaras, de distanciamento social. Se já estão questionando esses pontos, certamente terão falta de confiança nas vacinas”, afirma.
“Por outro lado, também há comunidades carentes em que, por causa de seu histórico, não há confiança em vacinas em geral ou no sistema de saúde”, ressalta. “Nessas comunidades tem havido um grande problema de comunicação e acesso.”
Outra parcela da população em que há menor interesse em se vacinar, segundo MacKenzie, são os mais jovens. A médica observa que, no Estado de Michigan, como grande parte da população mais velha e mais vulnerável já foi imunizada, atualmente muitos dos casos de Covid-19 são em jovens na faixa dos 20 aos 29 anos de idade.
Na semana passada, o especialista em pesquisas Frank Luntz realizou uma discussão virtual com um grupo de 20 republicanos que se dizem hesitantes em receber a vacina.
“Muitas das dúvidas do grupo em relação à vacina contra a Covid-19 vêm da politização da pandemia”, escreveu Luntz no Twitter.
Segundo Luntz, vários dos participantes disseram ter dúvidas sobre possíveis efeitos de longo prazo. Muitos mencionaram a possibilidade de que seja necessário um reforço na imunização após alguns meses e afirmaram não estar convencidos de que, mesmo após vacinados, poderão voltar a uma vida normal.
“Autoridades de saúde devem fazer um trabalho melhor em esclarecer os números para se atingir esse objetivo [de voltar ao normal]”, escreveu Luntz.
“A mensagem deveria ser a de que, quanto mais gente tomar a vacina, mais rápido poderemos voltar às nossas vidas”, diz MacKenzie.
Enquanto a maior parte da população não é vacinada, a recomendação é de que medidas como uso de máscaras e distanciamento social sejam mantidas.
Autoridades de saúde ressaltam que as vacinas são efetivas e têm bom desempenho inclusive diante das novas variantes.
Na primeira semana de janeiro, quando a campanha de vacinação nos Estados Unidos ainda estava no início e avançava lentamente, com menos de 6 milhões de pessoas tendo recebido pelo menos uma dose, o país registrava recordes diários no número de mortos.
Na época, eram confirmados mais de 250 mil novos casos e mais de 4 mil mortes por dia e o número diário de novas hospitalizações ultrapassava 135 mil.
Atualmente, o número de novos casos diários está em torno de 61 mil e as hospitalizações em torno 45 mil por dia. O número de mortes diárias está abaixo de 800.