Diversos voos foram cancelados neste domingo (1º), depois que milhares de ativistas pró-democracia bloquearam o caminho para o aeroporto de Hong Kong.
Pelo menos 16 voos foram cancelados, informou o site do aeroporto, com o saguão de embarque lotado de passageiros que lutaram para chegar aos terminais.
A manifestação acontece na sequência dos protestos organizados no sábado (31) e que marcaram o quinto aniversário do dia em que o governo chinês negou a possibilidade de eleições abertas no território semi-autônomo. Durante a noite, manifestantes e policiais entraram em choque.
Hong Kong vive uma onda de protestos pró-democracia há mais de três meses e as manifestações deste final de semana não haviam sido autorizadas.
Segundo a agência France Presse, os operadores do trem “Airport Express” – que sai do centro de Hong Kong rumo ao aeroporto – suspenderam os serviços, enquanto os manifestantes, que esconderam os rostos das câmeras de segurança com o uso de guarda-chuvas, construíram barricadas na estação do aeroporto e tentaram interromper o trânsito na principal estrada de acesso aos terminais.
Os passageiros retidos foram forçados a arrastar suas bagagens pela estrada do aeroporto.
Do lado de fora de um dos terminais do hub internacional, os manifestantes criaram barricadas com extintores de incêndio e carrinhos de bagagem, ao mesmo tempo que quebravam câmeras de segurança.
A polícia anunciou que estava pronta para iniciar uma “operação de dispersão” e afirmou que os manifestantes deveriam abandonar a área do aeroporto “imediatamente”.
Os manifestantes estão proibidos de entrar no aeroporto desde que um protesto em agosto no local terminou em confrontos com a polícia, mas eles ignoram de forma rotineira as restrições impostas pelo governo.
Políticos e ativistas detidos
Na sexta-feira, a polícia anunciou a detenção de políticos e ativistas pró-democracia importantes, uma técnica que consta dos manuais de Pequim. As autoridades negaram que as operações teriam o objetivo de enfraquecer os protestos do fim de semana.
Dois líderes do “Movimento dos Guarda-Chuvas”, Joshua Wong e Anges Chow, ambos de 22 anos e muito populares nos protestos das últimas semanas, foram um dos destinos, segundo o partido Demosito.
Os dois compareceram a uma audiência durante a tarde e saíram da prisão sob fiança.
Algumas horas antes, outro ativista, Andy Chan, foi detido no aeroporto. Ele é o fundador do Partido Nacional (HKNP), minúscula formação que defende a independência do território e que foi proibida pelas autoridades em 2018. Mencionar a independência da ex-colônia britânica é tabu absoluto para o governo central da China.
“Estas detenções mostram a propagação do ‘terror branco’ em relação aos manifestantes de Hong Kong”, declarou Issac Cheng do partido Demosisto.
Mais de 900 pessoas foram detidas desde junho em relação com os protestos.
Autoridades da área de saúde informaram que 31 pessoas foram internadas em hospitais após os confrontos de sábado, incluindo cinco em estado grave.
Fonte: G1