Após cinco meses de incertezas e escândalos que abalaram a credibilidade do futebol da Paraíba, a Federação Paraibana de Futebol (FPF) vai enfim ter um novo comandante. A partir das 10h deste sábado, vai ser realizada na sede da entidade a Assembleia Geral na qual os clubes vão escolher o novo mandatário do futebol local. De um lado, está o advogado Eduardo Araújo, ex-diretor executivo da Federação. De outro, a advogada Michelle Ramalho, auditora do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD). O presidente eleito vai comandar durante o quadriênio 2019-2022, podendo assumir já neste sábado, caso os clubes profissionais e amadores aprovem.
Na quinta-feira, a Comissão Eleitoral deferiu as duas candidaturas. Com isso, as chapas “Por um futebol ético e eficiente”, encabeçada pelo advogado Eduardo Araújo, e “Unidos somos fortes”, de Michelle Ramalho, foram confirmadas. A disputa, por sinal, começou antes da confirmação do registro das candidaturas, já que os dois candidatos tentaram indeferir a chapa do rival.
Neste sábado, a Assembleia Geral tem início marcado para as 10h, com a segunda convocação programada para uma hora depois da abertura. Vale ressaltar que na última atualização do Colégio Eleitoral, 18 clubes profissionais, 16 times amadores e 11 ligas estão aptas para votar. Importante destacar ainda que alguns clubes profissionais possuem direito a dois votos por disputarem também competições de base, além do feminino, regularmente.
Os nomes estão na mesa
“Por um futebol ético e eficiente”
Presidente: Eduardo Araújo
Vice 1: Arlan Rodrigues
Vice 2: José de Moraes
Vice 3: Valdir Cabral
A chapa encabeçada pelo advogado Eduardo Araújo é composta pelos empresários Arlan Rodrigues (ex-presidente do Atlético de Cajazeiras), Valdir Cabral (ex-presidente do Serrano-PB) e José Moraes (ex-mandatário do Spartax de João Pessoa). Para o Conselho Fiscal, foram inscritos José Murilio Junior, Eurípedes Leal de Oliveira, Victor Rocha Lucena, Yuri Carlos de Araújo, Jefferson Francisco da Costa e Ana Lucia Oliveira.
Eduardo Araújo é formado em Direito, atua como advogado e tem 31 anos. O dirigente teve uma passagem relâmpago pela FPF, quando assumiu o cargo de diretor executivo da entidade na gestão de Amadeu Rodrigues. Ele começou a trabalhar no dia 9 de abril, quando foi deflagrada a Operação Cartola, que investiga um esquema de corrupção entre dirigentes da FPF e de clubes de futebol que supostamente agiram para manipular resultados do Campeonato Paraibano deste ano. Com isso, o seu trabalho acabou sendo conturbado e chegando ao fim quando a Justiça afastou Amadeu, e Nosman Barreiro tomou posse na entidade.
Principais propostas:
Reestruturação e modernização da sede da FPF;
Criação de subsedes da FPF no Agreste e no Sertão;
Revitalização do Departamento Amador e de Ligas
Criação da Supercopa de Ligas;
Contratação de serviçor de integridade de empresa privada que trabalha na prevenção e combate a manipulação de resultados;
Criação da Escola de Árbitros e reformulação no quadro atual;
Criação da TV FPF;
Transparência financeira, com relatórios trimestrais;
Divulgação do calendário de competições dos próximos quatro anos;
Realização de Assembleia Geral para anistia total de débitos passados.
“Unidos somos fortes”
Presidente: Michelle Ramalho
Vice 1: Nosman Barreiro Filho
Vice 2: Marcílio Braz
Vice 3: Thalyta Gomes
A chapa, intitulada “Unidos Somos Fortes” tem como vice-presidentes Nosman Barreiro Filho (filho de Nosman Barreiro, atual vice-presidente eleito da FPF, afastado pelo STJD) Marcílio Braz (ex-presidente do Conselho Fiscal da entidade) e Thalita Gomes (ex-funcionária da FPF e neta da ex-presidenta Rosilene Gomes).
Michelle Ramalho tem 40 anos, é formada em Direito e atualmente é Conselheira da Ordem dos Advogados do Brasil, Seccional Paraíba (OAB-PB). Ela faz parte da Comissão Nacional de Direito Esportivo da OAB nacional e atua como auditora do STJD, integrando a 1ª Comissão Disciplinar do órgão.
Principais propostas:
Realizar uma auditoria contábil e fiscal na federação
Viabilizar junto à CBF a construção de um centro de treinamento dedicado as equipes filiadas a FPF;
Separar as dependências do Tribunal de Justiça Desportiva de Futebol da Paraíba (TJDF-PB) da FPF;
Criação de novos campeonatos para viabilizar um calendário anual para os clubes profissionais;
Negociar com o Governo do Estado a implantação do Programa Gol de Placa para os clubes da 2ª divisão;
Criação de sub-sedes da FPF pelo estado;
Buscar melhorias, como iluminação, gramado e segurança, nos estádios da Paraíba que sediam competições oficiais;
Criação do Departamento de Futebol Feminino para valorizar as atletas paraibanas;
Criação de estaduais femininos nas categorias sub-15, sub-17, sub-19, além do adulto;
Criação imediata da Escola de Árbitros.
Quem apoia quem?
EDUARDO ARAÚJO
Clubes profissionais (11): Auto Esporte*, Atlético de Cajazeiras, Botafogo-PB, Campinense, Nacional de Pombal, Paraíba de Cajazeiras, Queimadense, São Paulo Crystal, Sousa, Spartax e Sport-PB.
Clubes amadores (9): Boa Vista, Portuguesa, Avaí, Atlético Pessoense, Flamengo-PB, Scorpios, Força Comunitária, Padre Zé e União.
Ligas (3): Cajazeiras, Guarabira e Sousa.
*não estão no Colégio Eleitoral
MICHELLE RAMALHO
Clubes profissionais (9): CSP, Desportiva Guarabira*, Femar, Serrano-PB, Internacional-PB, Miramar de Cabedelo, Nacional de Patos, Santos de Tereré e Treze.
Clubes amadores (7): Marretinha, Kashima, Diamante, Fluminense, Íbis, Ponte Preta e Treze de Maio.
Ligas (5): Bayeux, Cajazeiras, Santa Rita, Poço de José de Moura e Cabedelo.
*não está no Colégio Eleitoral
NÃO APOIA NINGUÉM
Clubes profissionais (2): Femar e Nacional de Patos
Ligas (4): Campina Grande, Itaporanga, Sapé e a Sãojoanense
Novo comando após a turbulência
O ano de 2018 parecia que marcaria de forma positiva o final de mandato de Amadeu Rodrigues. Isso porque o então presidente da FPF anunciou o patrocínio da Loterias Caixa, da Caixa Econômica Federal, para o Campeonato Paraibano. O acordo também valeria para os representantes paraibanos nas divisões nacionais do Campeonato Brasileiro.
Enquanto isso, os times disputaram acirradamente o título estadual, que foi conquistado pelo Botafogo-PB no dia 8 de abril, quando o Belo derrotou o Campinense por 2 a 0 no Estádio Almeidão. Até ali, os problemas que a entidade enfrentava eram internos, muito pela falta de um regulamento mais claro de Campeonato Paraibano.
Os problemas “caseiros” da FPF ficaram no passado. Porque no dia 9 de abril, um dia após o título botafoguense do Paraibano, foi deflagrada a Operação Cartola, da Polícia Civil e do Ministério Público, que abriu a caixa preta de entidade e de clubes numa investigação que expôs o lado sujo do futebol do Estado. Suspeitas de manipulação de resultados, compra de arbitragem e uma série de esquemas colocaram em xeque a credibilidade do esporte na Paraíba.
Os resultados foram catastróficos, tanto que clubes como Botafogo-PB e Campinense perderam os seus principais dirigentes, afastados pela Justiça. No caso da Federação Paraibana de Futebol, não foi lá muito diferente; afinal, assim que a Operação Cartola tomou conta dos holofotes, a CBF decidiu agir, afastando Amadeu Rodrigues e colocando o auditor do STJD, o mineiro Flávio Boson Gambogi, como interventor.
Foi um mês de intervenção, de maio a junho, até que Flávio foi embora e Amadeu retornou ao cargo. O problema, porém, foi que a Justiça acatou a recomendação do Ministério Público e pôs um ponto final no mandato de Amadeu Rodrigues. Com isso, Nosman Barreiro, o vice, tomou posse.
Intrigado de Amadeu desde o início do mandato, Nosman prometeu uma gestão diferente, que devolveria a credibilidade ao futebol do estado, mas o fato foi que o seu curto período de presidência foi marcado mais por declarações polêmicas do que por efeito prático. Tanto é que o STJD julgou o então presidente da FPF por uma fala comprometedora, na qual chamou a CBF de corrupta por conta do retorno do presidente afastado, Amadeu Rodrigues, ao comando.
O afastamento de Nosman Barreiro culminou em uma nova intervenção da CBF. Mas, dessa vez, foi João Bosco Luz o encarregado de dar sequência ao trabalho na entidade até a eleição. Esta, que vai acontecer neste sábado e, espera-se, vai devolver a tranquilidade ao futebol paraibano.
Fonte: Globo EsportePB