Algoritmo é uma sequência finita de instruções bem definidas e não ambíguas, cada uma das quais devendo ser executadas mecânica ou eletronicamente em um intervalo de tempo finito e com uma quantidade de esforço finita. (Wikipédia)
Imagine que um dia você levanta da cama e ao iniciar sua rotina constata que não tem acesso ao Google, ao Facebook, ao Youtube, e que todos os demais serviços oferecidos por estas corporações lhe negam acesso.
Em surto, a primeira sensação que você terá, provavelmente, é de que você deixou de existir para o mundo. Doravante será um mendigo digital a implorar por um mínimo de atenção e viverá da caridade na vida virtual de quem se propuser a ajudá-lo. Você se sentirá digitalmente morto!
Essa é a condição para onde nos arrastam as redes sociais e o mundo virtualizado como um todo. Nos tornamos servos voluntários da rede mundial de internet. E o pior, para essa rede não há regulação. Essas corporações não avançam na ética além dos seus próprios Termos e Condições de Uso, de Aceitação, de Serviço, ou de Privacidade que na realidade nunca lemos ao todo – Tão ansiosos estamos pelo usufruto da falsa liberdade que o mundo digital inspira.
A meta é o acesso total aos seus dados. Mark Zuckerber (o do Facebook, Whatsapp, Instagram Istories) exige que os usuários aceitem o uso de suas informações para “análise de dados, testes, pesquisas”. Como a declaração do número de telefone não é obrigatória no Facebook ele comprou o Whatsapp, com isso, hoje, a sua corporação já tem o seu número de celular e sabe da sua localização em tempo real. Ao Google você já deve ter fornecido esse dado para garantir “a segurança do seu e-mail” (!?).
No Brasil, segundo dados do IBGE (2018), dos 207,7 milhões de habitantes 116,1 milhões estão conectados à rede mundial de computadores e destes 92,4% utilizam-se das redes sociais para se comunicarem, se relacionarem com outros humanos e o mundo.
Em outras palavras, mais da metade da população brasileira está, dia após dia, fornecendo espontaneamente suas informações mais íntimas e rotineiras (aqui não falo de documentos pessoais, nem de senhas) como suas preferências, aptidões, vontades, desejos, distúrbios que vão desde a sua atuação política às suas fantasias sexuais.
Todos esses dados estão sendo filtrados e matematicamente organizados pelos algoritmos dessas corporações. É, você está sendo submetido a uma criteriosa avaliação matemática de tudo o que expõe na internet por qualquer desses meios (de outros também). Tudo isso sem nenhuma contextualização da sua vida, você é apenas um dado, um número, uma informação. E a correlação dessas informações se sobrepõe a causalidade da sua existência.
Aonde queremos chegar? Simples, à manipulação pela dependência. As pessoas estão aprisionadas a rede mundial e seus serviços e não se dão conta de que em uma pesquisa no Google os 50% dos nossos cliques vão para os dois primeiros itens do resultado da pesquisa, 90% para os dez primeiros, o resto nos parece irrelevante.
Neste ponto flagramos a presença dos algoritmos a nos induzir, propositadamente, para as respostas que o Google quer que nós tenhamos sobre determinado assunto. Isso é o credo em todos os serviços virtuais!
Marchamos voluntariamente para uma sociedade em que as máquinas decidem o que é notícia, o que você precisa saber, pensar, dizer, em quem deve votar, com os relacionamentos sendo avaliados pelas curtidas e likes. Dessa forma informamos nossas tendências para os algoritmos rearranjam a nossa alimentação virtual diária. Não temos opinião, essa está sendo formatada por onde navegamos e o que acessamos é coordenado e matematizado pelos algoritmos.
Avançamos em direção a total manipulação das nossas decisões pelas máquinas. Isso é um risco que pode ampliar, ainda mais, a já exacerbada desigualdade social, pois os algoritmos estão a serviço do mercado financeiro. Referenciando o livro “Weapons of Math Destruction”, da matemática americana Cathy O’Neil, os Big Datas nos trouxeram à era das Armas de Destruição Matemáticas. “Facebook, Google, Apple, Microsoft, Amazon têm todos uma vasta quantidade de informação sobre grande parte da humanidade – e os meios para nos dirigir para onde queiram”
Agora, insone. A democracia sem regulação, nem fiscalização pública dessas medias tende a se tornar irreal em um futuro próximo. Algoritmos não tem sentimentos. Não se arrependem quando erram. Não têm humanidade, pois humanidade é coisa de humanos, lembre-se!