Não se pode falar do nordeste sem lembrar de Luiz Gonzaga, o Rei do Baião.
Não é a toa que costumo afirmar: O que José Lins do Rego, Guimarães Rosa, Euclides da Cunha, José Américo de Almeida, Ariano Suassuna e João Cabral de Melo Neto fizeram através de seus escritos pelo Nordeste, Luiz Gonzaga, também o fez através de sua música. Parafraseando José Mário de Austregésilo: “Gonzaga não só descobriu, ele inventou, fez arte, produziu conhecimentos. Seus contemporâneos o apontam como inventor da música popular nordestina. As gerações da atualidade, entre elas os tropicalistas, consideram seu trabalho uma das bases mais importantes da moderna música brasileira”.
É, seu Luiz, tu és eterno e sempre estarás no Nordeste, nas noites de São João; nos foguetes; na sua animação; nas suas crenças; no fole gemendo; na fogueira; no balão anunciando aos céus que é festa no Sertão; no cangaço do Lampião; na chapada do Araripe com sua floresta e seus encantos. Em cada rosto sofrido, te vejo, ainda, todos os dias. Sim, te vejo na face dos retirantes; na caminhada em meio as juremas e marmeleiros ressequidos; na travessia do riacho seco; na Asa Branca voando em busca d’água; na vaca magra soluçando saudade do vaqueiro.
Mas Luiz, também te vejo no cheiro de chuva embrenhado no mato; no inverno amanhecendo com a passarada; na água corrente enchendo os córregos, riachos, rios, açudes e sonhos; na colheita do milho; no eco das cantorias, dos aboios e das novenas; na romaria do padre Cícero; na légua tirana; na Feira de Caruaru e bonecos de Mestre Vitalino. Enquanto houver sertão, um pé de bode, uma sala de chão batido, uma morena faceira para arrastar as alpargatas num samba que se renova, jamais tu será esquecido.
Onaldo Queiroga
[email protected]