Se andarmos nas periferias deste imenso país sentiremos de perto a força da miséria de um povo desprovido e relegado.
Algemados pela fome, Marias e Zés, vivem em taperas, palafitas e barracos de um vão só. Amontoados, dividem quatro paredes de um destino cruel e sem esperança. Convivem com a ausência de privacidade, promiscuamente dormem pelo chão do abandono, comem do lixo e como lixo são tratados pela “sadia sociedade dos bem aquinhoados”.
No verão e no inverno, o calor e o frio, são companheiros inseparáveis, já que por lençóis têm as estrelas ou as folhas desprezadas dos jornais. Nesse mundo não há espaço para calçadas da fama, o que existem são pegadas num barro movediço que registram movimentos de seres “iguais a nós” que tentam sair desesperadamente de uma sombria existência. As Marias e os Zés se alimentam das sobras que encontram no caminhar do dia a dia. Novelas e dramas, conhecem bem, mas aquelas das telas do próprio existir. Esse povo, perambula pelas ruas dos desenganos e, esquecido, luta minuto a minuto por um sol que amanheça clareando veredas de tempos melhores.
É duro compreender que o homem tenha evoluído em tantas áreas, mas continue adormecido para a solidariedade, aprisionado ao egoísmo. Há uma cortina que insiste em não se abrir, por isso, vivenciamos, de um lado, com a luxuria nas mãos de poucos, de outro, com uma legião de famintos, manipulados por um sistema arcaico e apocalíptico. Preleciona Emmanuel: “Não estamos na obra do mundo para aniquilar o que é imperfeito, mas para completar o que se encontra inacabado”.
Rasguemos essa cortina. É preciso estendermos as mãos uns aos outros e façamos da terra um único mundo, pois só assim alcançaremos um mundo melhor.
Liberdade PB