Convidado por Bolsonaro para assumir o Ministério da Educação, o empresário Renato Feder pode ser mais 1 a não tomar posse na pasta –como aconteceu com Carlos Decotelli, que pediu demissão 5 dias depois de ser anunciado para o cargo.
Feder é secretário de Educação do Paraná no governo de Ratinho Júnior (PSD) e presidente da Multilaser, empresa de informática. Ele é considerado 1 nome de “perfil técnico”, o que desagrada a ala ideológica do governo (em sua maioria, seguidora do autodeclarado filósofo Olavo de Carvalho), que queria retomar o controle do MEC. Os 2 primeiros a comandar a pasta no governo Bolsonaro, Ricardo Vélez Rodríguez e Abraham Weintraub, são aliados a esse grupo.
Nas redes sociais, há 1 princípio de processo de “fritura” contra o novo ministro. Um dos expoentes do grupo ideológico, o blogueiro Bernardo Küster publicou mensagens criticando o escolhido para o MEC. Uma delas menciona elogio recebido por Feder do apresentador Luciano Huck, potencial adversário de Bolsonaro na eleição presidencial de 2022. Huck exaltou a “juventude” do novo ministro, desejando que ele traga “modernidade” ao MEC, e “não fique preso a ideologias regressistas“.
Um usuário que usou a hashtag #FederNão no Twitter chamou o novo ministro de “Mandetta do MEC“, uma menção ao ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta que teve desentendimentos com Bolsonaro antes de deixar o governo. O autor da publicação é seguido na rede social por Filipe Martins, assessor especial da Presidência e outro integrante da ala ideológica do governo.
Por outro lado, a dita ala militar do governo também não nutre simpatia por Feder. Há desconfiança quanto à sua relação com o chamado Centrão, grupo de partidos que não se guiam por questões ideológicas, mas por interesses. Um dos fatores que levam os militares a desconfiar desse elo é sua presença no governo de Ratinho Júnior, que é filiado ao PSD, partido fundado por Gilberto Kassab.
Nos 2 grupos (ideológico e militar) surgem críticas ao passado de Feder. A que mais pesa é uma doação feita ao então candidato à Prefeitura de São Paulo João Doria (PSDB), em 2016. Na ocasião, o empresário cedeu do próprio bolso R$ 123 mil para a campanha do tucano, que hoje é desafeto e adversário político de Bolsonaro.
Os olavistas do governo torcem o nariz também para o fato de, enquanto secretário da Educação no Paraná, Feder ter firmado parceria com a Fundação Lemann para a alfabetização de crianças. A ala ideológica que cerca Bolsonaro vê na fundação do magnata Jorge Paulo Lemann 1 núcleo que promove o “globalismo e o progressismo“, indo de encontro às pautas de costumes do grupo.
Completa o rol de possíveis entraves à efetivação de Feder como ministro da Educação o fato de a empresa presidida por ele, a Multilaser, possuir contratos com órgãos governamentais. Em 2016, Feder e o sócio, Alexandre Ostrowiecki, foram denunciados por suposta sonegação de impostos. O processo, ainda não concluído, está na Justiça de São Paulo.
Fonte: Poder 360